A SURRA DE BÍBLIA 

 Lutando no tratamento das irmãs obsidiadas, José e Chico Xavier 

gastaram alguns meses até que surgisse a cura completa. 

 No princípio, porém, da tarefa assistencial houve uma noite em que José 

foi obrigado a viajar em serviço da sua profissão de seleiro. 

 Mudara-se para Pedro Leopoldo um homem bom e rústico, de nome 

Manuel, que o povo dizia muito experimentado em doutrinar espíritos das 

trevas. 

 O irmão do Chico não hesitou e resolveu visitá-lo, pedindo cooperação. 

 Necessitava ausentar-se, mas o socorro às doentes não deveria ser 

interrompido. 

 “Seu” Manuel aceitou o convite e, na hora aprazada, compareceu ao 

“Centro Espírita Luiz Gonzaga”, com uma Bíblia antiga sob o braço direito. 

 A sessão começou eficiente e pacífica. 

 Como de outras vezes, depois das preces e instruções de abertura, o 

Chico seria o médium para a doutrinação dos obsessores. 

 Um dos espíritos amigos incorporou-se, por intermédio dele, fornecendo a 

precisa orientação e disse ao “seu” Manuel entre outras coisas: 

 — Meu amigo, quando o perseguidor infeliz apossar-se do médium, 

aplique o Evangelho com veemência. 

 — Pois não, — respondeu o diretor muito calmo, — a vossa ordem será 

obedecida. 

 E quando a primeira das entidades perturbadas assenhoreou o aparelho 

mediúnico, exigindo assistência evangelizante, “seu” Manuel tomou a Bíblia de 

grande formato e bateu, com ela, muitas vezes, sobre o crânio do Chico, 

exclamando, irritadiço: 

 — Tome Evangelho! tome Evangelho!... 

 O obsessor, sob a influência de benfeitores espirituais da casa, afastou-se, 

de imediato, e a sessão foi encerrada. 

 Mas o Chico sofreu intensa torção no pescoço e esteve seis dias de cama 

para curar o torcicolo doloroso. 

 E, ainda hoje, ele afirma satisfeito que será talvez das poucas pessoas do 

mundo que terão tomado “uma surra de Bíblia”... 

Fonte: Lindos Casos de Chico Xavier . Ramiro Gama